Enquanto vê seus principais rivais construindo uma casa nova, os
torcedores do São Paulo ficam na expectativa pela reforma do Estádio do
Morumbi. O problema, no entanto, é que os atrasos em sequência acabam
adiando o sonho de ver um estádio que possa ser comparado às novas
arenas. A previsão era de que no mês de maio as obras já começassem.
Trinta e um dias se passaram e o barulho do martelo ainda não soou no
palco de jogos são-paulinos, o que faz com que o novo Morumbi tenha
chance de ser entregue só em 2015.
Com o alvará para a reforma e instalação da cobertura desde outubro
de 2012, o plano inicial previa que o estádio fosse entregue, no máximo,
até o início de 2014. O investimento necessário é de R$ 300 milhões e
conta com o suporte financeiro da construtora Andrade Gutierrez, que fez
um fundo para arrecadar toda a verba. A previsão inicial era de que, em
18 meses, tudo seria concluído, com direito a uma nova arena de shows,
além da já citada cobertura.
Toda a demora burocrática era tão inesperada que, atualmente, é
praticamente impossível que Juvenal Juvêncio, que tem mandato até abril
de 2014, seja o presidente na entrega do novo estádio. Na melhor das
hipóteses, a construtora chegou a avisar que demoraria pelo menos 12
meses para entregar tudo. Para isso, ainda seria necessária a interdição
do local dos jogos por um período maior do que a atual diretoria quer.
O assunto virou um tabu na atual gestão. Não é à toa que a única justificativa dada por eles é de que o clube vive um momento de “período protegido” ou “período de silêncio”, onde nenhuma das partes envolvidas no CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pode se pronunciar a respeito do andamento do processo.
A interferência da CVM neste processo é necessária por causa da criação de um fundo que fornecerá a renda para isso. Sem esse “ok”, o dinheiro não pode ser usado. O problema é que o processo, que normalmente demora 60 dias, começou entre fevereiro e março, e, quatro meses depois, ainda não terminou.
No mês de março, em uma entrevista dada ao UOL Esporte, o presidente Juvenal Juvêncio já havia falado de sua expectativa em relação ao cronograma. “A Andrade Gutierrez fez um fundo para bancar isso, para registrar na bolsa de valores, comissão de valores mobiliários. Nós pensávamos que o registro disso fosse mais célere. E isso atrasou. Eu tenho a impressão de que até maio nós teríamos isso aprovado. Porque já tem todos os projetos, fundação, demoraram um ano para fazer tudo. Tem tudo feito, estudo de interferência do vento, etc. Tecnicamente tinha que ser assim, mas o fundo atrasou. Acabando isso, em maio, o começo é imediato, pois já temos todo o arcabouço”, disse ele na ocasião.
A demora dá margens para que os oposicionistas na política são-paulina, que estão cada vez mais ativos com a chegada da eleição, levantem outros questionamentos. Um deles é de que a Andrade Gutierrez procura outras formas de conseguir o retorno dos R$ 300 milhões.
Não basta apenas a arena como fonte de exploração. Isso porque, assim como acontecerá no Palmeiras, a construtora terá direito de explorar financeiramente o novo estádio após sua reforma. A alternativa, diz um deles ouvido pelo UOL Esporte, seria também colocar exploração do estacionamento e outras propriedades para que a Andrade Gutierrez tenha seu investimento justificado.
Questionado, sócios e conselheiros que trabalham diretamente no dia a dia do Morumbi afirmaram que as críticas ao processo de reforma do estádio acontecem apenas como manobra eleitoreira. Além disso, eles citam as primeiras partes da modernização do estádio, como a colocação de todas as cadeiras vermelhas e a reforma de camarotes e lojas dentro do estádio, como prova de que há movimento para a mudança do Morumbi.
Vale destacar, também, que a Andrade Gutierrez já havia feito alguns estudos iniciais, como teste de solo, por exemplo, para examinar a viabilidade da reforma.
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